domingo, 6 de fevereiro de 2011

Estupro Corretivo

Parece que alguns homens (e mulheres também) apóiam esta prática. Ela consiste em uma ideia absurda de "curar" mulheres lésbicas do "homossexualismo" através do sexo (obviamente) não consentido, pois segundo os praticantes, a mulher não tem opinião, a decisão masculina é soberana e unilateral, trata-se do homem exercendo os direitos que ele tem sobre o próprio pênis, e portanto cabe a eles e a seus "varões capacitados" o destino sobre a orientação sexual delas.
Por incrível que pareça, existem comunidades em redes sociais onde esse tipo de apologia é mantida, debatida, mas não combatida, e se expõem sob o título eufemizado: "Penetração corretiva". Ainda como se não fosse absurdo o bastante, em alguns tópicos de comunidades com temas relacionados, atribuem o estupro às próprias mulheres, afinal, elas seriam responsáveis por atiçar o desejo sexual masculino. Resumindo, se são estupradas, a culpa é delas, e não do estuprador.

Aqui vai um exemplo:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=97271732

E isso foi apenas a pontinha do iceberg. Leia agora uma matéria de Janeiro deste ano seguida de links sobre o assunto.


Millicent Gaika, uma jovem lésbica que foi atada, estrangulada, torturada e estuprada durante 5 horas por um homem que dizia estar “curando-a” do lesbianismo. Por pouco não morreu.

Infelizmente, o caso dela não é incomum. Pelo contrário, este tipo de crime - chamado estupro corretivo - é recorrente na África do Sul, onde mulheres lésbicas vivem aterrorizadas com ameaças de ataques, principalmente porque os criminosos têm ficado impunes.

Na semana passada, o Ministro Radebe, da Justiça, insistiu que o motivo do crime é irrelevante em casos de “estupro corretivo (sic)”. As vítimas geralmente são mulheres homossexuais, negras, pobres e profundamente marginalizadas. Até Eudy Simelane, heroína nacional e estrela da seleção feminina de futebol da África do Sul em 2008, foi assassinada e currada sem alterar a situação de impunidade.

A África do Sul é a capital do estupro do mundo. Uma menina nascida na África do Sul tem mais chances de ser estuprada do que de aprender a ler. Um quarto das meninas sul-africanas são estupradas antes de completarem 16 anos. Este problema tem muitas raízes: machismo (62% dos meninos com mais de 11 anos acreditam que forçar alguém a fazer sexo não é um ato de violência), pobreza, ocupações massificadas, desemprego, homens marginalizados, indiferença da comunidade -- e mais do que tudo -- o descaso  da polícia e a impunidade dos malfeitores quando os casos são denunciados às autoridades.

Agora, na Cidade do Cabo, um grupo de ativistas corajosas lançou um abaixo-assinado, que já coletou  140.000 assinaturas, dirigido ao Ministério da Justiça, conclamando o Ministro a tomar ações concretas contra os ataques.

Internacionalmente, também organizações de todo o mundo estão realizando campanhas para ampliar o abaixo-assinado das ativistas de modo a pressionar o presidente do país, Zuma, e o Ministério da Justiça a criminalizar o estupro corretivo e a implementar imediatamente a educação pública sobre o assunto  e a proteção para as sobreviventes. Em nosso país, a organização AVAAZ, a mesma que ajudou a levantar assinaturas pelo Ficha Limpa, está promovendo uma campanha de assinaturas a serem enviadas ao governo da África do Sul via parceiros da entidade na Cidade do Cabo (Luleki Sizwe). Se um grande número de nós participarmos neste chamado por justiça, poderemos convencer Zuma a se engajar, levando adiante ações governamentais cruciais contra o estupro e iniciando um debate nacional que poderá influenciar a atitude pública em relação a esse crime e a homofobia na África do Sul. Assine agora, clicando no link abaixo, e depois o divulgue:

https://secure.avaaz.org/po/stop_corrective_rape/?cl=923622611&v=8260

Mais informações sobre o assunto:

Mulheres homossexuais sofrem 'estupro corretivo' na África do Sul:
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/12/09/mulheres-homossexuais-sofrem-estupro-corretivo-na-africa-do-sul-915119997.asp

ONG ActionAid afirma que "estupros corretivos" de lésbicas na África do Sul estão aumentando:
http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/lifestyle/2010/03/22/243215-ong-actionaid-afirma-que-estupros-corretivos-de-lesbicas-na-africa-do-sul-estao-aumentando

Acusados de matar atleta lésbica são julgados na África do Sul:
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,acusados-de-matar-atleta-lesbica-sao-julgados-na-africa-do-sul,410234,0.htm

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